sexta-feira, 6 de outubro de 2006

Manifesto contra a alienação humana...

Somos distraçômanos.
Fazemos parte de uma massa concentrófoba.
O velho George Orwell trocou as bolas.
O Big Brother não está nos vigiando coisa alguma. Ele está cantando e dançando. Está tirando coelhos da cartola. O Big Brother se dedica a prender nossa atenção durante cada minuto que passamos acordados.
Quer garantir que estejamos distraídos.
Quer garantir que estejamos completamente absortos.
Ele quer garantir que nossa imaginação feneça. Até tornar-se inútil feito nosso apêndice. Ele quer garantir que nossa atenção seja sempre preenchida.
E este negócio de ser alimentado é pior do que ser vigiado. Com o mundo sempre nos preenchendo, ninguém precisa se preocupar com o que está na nossa mente. Com a imaginação de todos atrofiada, ninguém jamais será uma ameaça ao mundo.
Há coisas piores do que encontrar as pessoas que você ama mortas. Você pode simplesmente assistir ao mundo fazer isto. Pode ver sua companheira ficar gorda e chata. Pode ver seu irmão descobrir no mundo tudo que seus pais tentaram esconder dele. Drogas, prostituição, separação, conformismo, doenças físicas e mentais. Todos os livros e canções e programas de TV agradáveis... distrações...
Há coisas piores que você pode fazer às pessoas do que matá-las. O jeito normal é simplesmente assistir ao mundo fazer isso. É só ler o jornal...
Com o tempo, a música e as risadas vão lhe roendo os pensamentos. O barulho abafa tudo.
Todos os sons distraem...
Em todo caso, hoje quase ninguém mais é dono da própria mente. As pessoas não conseguem mais se concentrar.
Não conseguem pensar.
Sempre há algum barulho se infiltrando. Cantores gritando, pessoas mortas rindo. Atores chorando.
Todas essas pequenas doses de emoção que não seriam tão más se não fossem alheias se fossem espontâneas a você mesmo e não aos outros... Alguém está sempre borrifando o ar com seu clima emocional.
Em todo lugar com o som do carro, amplificando sua tristeza, sua alegria ou sua raiva por toa a vizinhança...
Dizem que na Grécia antiga as pessoas não consideravam os pensamentos como propriedade sua. Quando os gregos antigos tinham um pensamento, achavam que aquilo era uma ordem dada por um deus ou uma deusa. Apolo estava mandando que fossem corajosos. Palas Atenas estava mandando que se apaixonassem.
Não que eu ache que isso seja um modelo e que deva ser seguido, mas é que hoje em dia as pessoas ouvem um comercial de batatas fritas e vão irracionalmente correndo para comprar um saco, mas CHAMAM ISSO DE LIVRE-ARBÍTRIO.
Os gregos antigos ao menos eram honestos.
O truque para esquecer a visão panorâmica desse pandemônio é ver tudo bem de perto. O segredo para fechar uma porta é se enterrar nos detalhes.
Essa deve ser nossa aparência para Deus.
Como se estivesse tudo muito bem.
A melhor forma de desperdiçar nossa vida é fazendo anotações. O modo mais fácil de evitar viver é ficar só observando. Procurando detalhes. Relatando. Sem participar. Deixando que o Big Brother se encarregue da música e da dança por nós. Sendo um repórter. Sendo uma boa testemunha. Um membro agradecido e inóquo de toda uma platéia também inofensiva...

(Baseado em - a maioria copiado de - Chuck Palahniuk em Lulaby)

3 comentários:

Anônimo disse...

Isso fico baum...

Anônimo disse...

"Pode ver sua companheira ficar gorda e chata."

rs

faz pare das indiretas q vc disse?!
hehe

ui.. mto bom!

*x

amo

Anônimo disse...

relogio ^^